21/07/2007

CDS-PP, Presente com futuro?

-Muito se tem escrito por estes dias sobre o futuro do CDS-PP, se é que tem futuro, não faltando quem já lhe tenha antecipado o funeral, para os menos conhecedores da história de Portugal no pós 25 de Abril, este partido nunca teve vida fácil, foi perseguido nos tempos do PREC, estiveram mesmo cercados durante um congresso, sobreviveram ao desaparecimento de um dos seus fundadores, talvez mesmo o seu principal ideólogo naqueles tempos, passou por governos, teve uma efémera experiência com o PS, e mais tarde protagonizou uma mudança em coligação com o PSD ( a Aliança Democrática que incluia também o PPM), voltou à travessia do deserto com o fim da A.D., e viu a sua base eleitoral quase desaparecer por completo nos tempos das maiorias absolutas do PSD e Cavaco Silva, sendo jocosamente à epoca apelidado de partido do táxi, havendo quem logo adivinhasse o fim da história, mas renasceu das cinzas pela mão de Manuel Monteiro e Paulo Portas, cresceu eleitoralmente tendo obtidos bons resultados em 1995, 1999 e 2002, conseguindo mesmo entrar no governo o que muitos não acreditavam ser possível, teve um bom desempenho, os seus ministros não sendo imensamente populares, o governo nunca teve estado de graça, estiveram acima da média, não foi por culpa do CDS-PP que a legislatura não terminou culminando como se sabe na actual composição parlamentar de maioria PS. Na noite do desaire eleitoral, mais desaire do PSD do que do CDS-PP, Paulo Portas demitiu-se invocando 2 razões, a derrota do espaço eleitoral a que pertencia, e o facto de segundo Paulo Portas, em nenhum país civilizado os trotskistas estarem apenas a um ponto percentual da democracia-cristã. O resultado do PP não tendo atingido os números pretendidos, não obrigaria de modo algum Paulo Portas a sair, mas saiu, pretendendo deixar o partido entregue a Telmo Correia, este conseguiu a proeza de perder um congresso que eram favas contadas para Ribeiro e Castro, o partido no entanto nunca deixou de suspirar pelo regresso de Paulo Portas, este nunca deixou de pensar em regressar, mas cometeu quanto a mim alguns erros no regresso, em primeiro lugar, e muito por culpa dos seus lugares-tenente, existiram episódios que não passaram bem para a opinião pública, nomeadamente algumas atitudes de Nuno Melo, o então lider parlamentar do CDS-PP, soou mesmo a traição aquele último congresso, aquela reunião onde dirigentes com responsabilidades se envolveram em cenas lamentáveis que me dispenso de descrever, e para cúmulo, tiveram de enfrentar à pressa um acto eleitoral antecipado em Lisboa, onde escolheram Telmo Correia, que mais uma vez falhou, embora Paulo Portas não tivesse estado bem, que diabo, lembrar-se de dizer que cada voto no PP era um murro no governo, e o PS que nem sequer obteve uma votação extraordinária, que dizer do resultado do PP. Chegámos então ao dia de hoje, reunião do conselho nacional, onde Paulo Portas vai anunciar o resultado da sua reflexão sobre o exercício da actividade política em Portugal, muitos afirmam que vai sair, eu afirmo que vai continuar, o partido precisa de Paulo Portas nesta fase, mas precisa também de se renovar, não pode ter sempre como rostos ao lado do líder Telmo Correia, Luis Nobre Guedes, Nuno Melo, Teresa Caeiro e A. Pires de Lima, é hora de chamar novos protagonistas, recuperar quiçá algumas figuras históricas do partido, preferêncialmente chamar pessoas que estiveram com Ribeiro e Castro, o partido não precisa de facções agora, e voltar a marcar a agenda, algo que Paulo Portas sabe fazer como poucos, e o governo PS até vai dando alguns motivos, OTA,TGV etc, apresentar propostas que obtenham acolhimento em franjas do eleitorado, começar a ganhar apoios ao nível da opinião pública agora, para crescer eleitoralmente amanhã. Se Paulo Portas e seus pares assim o entenderem, caso contrário, o que não acredito, o futuro seria nebuloso para o CDS-PP. Mas atenção, a quem lhe queira antecipar já o enterro, recordo que o partido já passou por momentos bem dificeis, e sobreviveu sempre!...

1 comentário:

Tiago Pestana de Vasconcelos disse...

Não podia deixar de concordar mais com este comentário.. acho que o CDS precisa de estabilidade, neste momento o presidente é Paulo Portas e deve continuar, sob pena de chegarmos a 2009 em plena guerra interna pela liderança.. Concordo também que não há espaço no CDS para facções, daí imbirrar bastante com a estória dos clubes e tendências de opinião institucionalizadas que surgiram no último congresso... O partido não preciso de se renovar, não é preciso deitar fora os que lá estão e ir buscar outros... é necessário refundar, recentrar ideias e isso só se faz com todos não é mandando embora alguns.. isso foi o que fizeram nas últimas directas, ao contrário de unir, deslaçaram a união que é necessária neste momento...