-Já me acostumei à mania de superioridade moral em que as pessoas do Bloco de Esquerda se arvoram, como se fossem donos da verdade e tivessem sempre a razão do seu lado, normalmente nem lhes ligo, mas por vezes passam das marcas, como em minha opinião, tão legítima quanto a deles, digo de passagem, o fizeram ontem. Um líder partidário, como o fez o dr. Louçã, vir a público regozijar-se porque um cidadão vai a julgamento, é duma tacanhez atroz, em primeiro lugar porque como o dr Louçã bem sabe, uma coisa é ir a julgamento, outra é ser culpado, primeiro ainda será réu, e não lhe cabe o ónus da prova, mas sim à procuradoria e aos acusadores. Claro que não estou a defender o sr Domingos Névoa, que certamente terá advogado para o fazer. Para alguém que como o dr Louçã passa a vida a apontar os defeitos do sistema, inclusivé do sistema judicial, noutras ocasiões já o vimos via a público dizer que condenar alguém na praça pública é um erro, que temos de garantir os direitos de defesa a todos, blá, blá, blá, ontem lá para os lados do pessoal do bloco foi um estalar de verniz, pudessem eles, e passava-se já à frente do julgamento, condenava-se já o sr Domingos Névoa, que a esta hora já estaria atrás das grades, Sá Fernandes estava radiante, que loucura a destes srs, que falta de nível, tudo bem, podem ter toda a razão deste mundo, pode até o sr Domingos Névoa e (ou) a Bragaparques virem a ser considerado(s) culpado(s), mas isso cabe ao tribunal decidir, e o que o Bloco de Esquerda tem vindo a promover é um julgamento na praça pública onde o acusado já está condenado. Até Daniel Oliveira, que costumo ler (e ver), ontem no seu blog "Arrastão", dizia, "quando alguém tenta comprar a Democracia", então José Sé Fernandes é a Democracia? representa a Democracia? quem lhe passou procuração para a representar? quanto muito é um democrata, mas com atitudes destas, penso que as noções de "Democracia" de alguns srs não andam lá muito esclarecidas. Ainda bem que o Bloco de Esquerda não é poder, e espero que nunca o venha a ser, pois a julgar por este exemplo talvez viéssemos a ter tribunais plenários de justiça popular, ou algo do género!
12/07/2007
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4 comentários:
Muito obrigado pelo seu apoio. Já agora, parabéns pela aventura da criação do blogue e pela qualidade de escrita. Linkarei na próxima actualização Do Portugal Profundo.
Regozijar-se por um cidadão ir a julgamento seria tacanhez, concordo. Regozijar-se porque finalmente alguém vai a julgamento por um tipom de crime que geralmente tem ficado impune, isso não é tacanhês, é civismo. Vou mais longe: é o mínimo de civismo exigível a qualquer cidadão.
P.S.
Domingos Névoa vai a julgamento sob a acusação de nos andar a roubar a todos. Naturalmente, regozijo-me. Balbino Caldeira está ter problemas por exercer o seu direito de opinião: naturalmente, indigno-me.
-Eu só disse que cabe ao tribunal julgar o sr Domingos Névoa, não afirmo em parte alguma a sua inocência, regozijar-se por alguém ir a julgamento por mim não vejo razão para tal, mas cada um regozija-se à sua maneira, e com o que entender, para mim basta-me saber que as instituições funcionam, julgamentos são práctica normal num estado de direito, uns serão culpados, outros não, mas todos têm direito ao seu bom nome até condenação que só pode ser ditada por um tribunal, e não pela opinião pública. Penso que toda a gente compreenderá este ponto de vista, agora claro que o assunto ganhou uma dimensão maior pelo facto da condenação ter sido deduzida em semana de campanha.
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