22/07/2007

O polvo cor de rosa

-Afirmou o primeiro ministro na passada sexta-feira durante o debate do estado da nação que em matéria de liberdade e democracia a bancada socialista não recebe lições de ninguém, não as dará a alguns, mas não as recebe, olhando a história do PS, desde o grupo de Argel até aos tempos do PREC, há que reconhecer que o PS é um partido que lutou pela conquista da liberdade, sendo a sua acção decisiva, mas não exclusiva, na instauração dum regime democrático no nosso país. Mas não vivemos de história, no presente este PS não tem autoridade para dar lições a quem quer que seja, os abusos e as derivas de poder absoluto multiplicam-se, senão vejamos, foi o caso do prof. Charrua, mais importante do que o caso em si, é o que representa, o afastamento dum funcionário por ter dito uma piada sobre a licenciatura do primeiro ministro, o afastamento da directora do centro de saúde de V. do Minho, ainda por cima substituida por um autarca eleito nas listas do PS, á mulher de César não basta ser séria, também tem de o parecer, esta frase é antiga mas já a ouvi pronunciada por José Sócrates enquanto lider de oposição, a ele ficaria melhor do que a qualquer outra pessoa no presente aplica-se faz o que te digo mas não faças o que faço, mas deixemo-nos de provérbios e vamos à substância, não serão suficientes estes casos para vir a terreiro quem sempre defendeu a liberdade, reafirmar mais uma vez que os portugueses têm o direito à indignação? Quem apenas por ver subtraído um "R" foi capaz de escrever um poema, agora não terá matéria suficiente para dar mote a um livro? Onde estão os defensores da democracia? Ou também a eles já chegaram os tentáculos do polvo, conseguindo que se calassem, excepção feita ao tempo que permanecem em casa onde não os conseguimos ouvir, ou na esquina do café que acredito não frequentem lá muito? Será curioso de ver a avaliação de desempenho que a sra Margarida Moreira atribuirá ao prof. Charrua, e pior, muito pior, serão as avaliações pais fora atribuidas por zelosos tentáculos do polvo aos funcionários públicos que não tenham cartão da seguradora do Largo do Rato. Conseguiram que uma lei necessária, a da avaliação de desempenho premiando o mérito seja ainda antes de aplicada alvo de suspeições, nestas matérias o PS também não leva lições de ninguém, veja-se por exemplo a meritória e meteórica ascenção de Armando Vara, devendo ser hoje o funcionário bancário mais bem sucedido na história da banca nacional, exemplo do poder tentacular instalado. Não saciados, pretendem os socialistas controlar a comunicação social, legislando em matérias que vão restringir a liberdade de imprensa, reduto onde o polvo ainda não se conseguiu alimentar, porque se já o tivesse feito não teriamos tido tanto ruido à volta dos casos acima citados, bem como das jóias da coroa de glória da governação socialista, Ota e TGV. As outras bandeiras socialistas, os 150 mil empregos já eram, o choque tecnológico tem dado em nada, Portugal exporta anualmente sem retorno os seus melhores cérebros, quem queira fazer investigação em Portugal não consegue, tem de emigrar, em benefício do desenvolvimento dos países que os acolhem, enquanto por cá continuamos a divergir da Europa no ritmo de crescimento, sendo ultrapassados a cada ano pelo novos países que aderiram à pouco tempo, e não receberam nem metade do que Portugal teve em fundos estruturais. Tudo isto passa incólume perante a incapacidade da oposição em criar alternativas crediveis, e o polvo lá vai arrastando alegremente o país para o abismo.

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