17/07/2007

Crise estrutural ou crise de liderança no PSD?

-Após o desaire eleitoral de Domingo é fácil apontar baterias a Luis Marques Mendes, culpá-lo do desaire a ele e só a ele, ou então numas teorias um pouco mais rebuscadas que por aí circulam, dizer que foi Durão Barroso que desertou para Bruxelas, como já ouvi por exemplo ao Dr Miguel Veiga, outros ainda há que afirmam que ainda está o partido a pagar os efeitos de sucessivas trapalhadas por parte de P.Santana Lopes, e das condições dificeis em que a actual liderança herdou o estado do partido. Pessoalmente acho todas estas teorias um pouco verdadeiras, mas todas elas enfermas porque não passam agora duma mera caça às bruxas, que visa deixar alguns candidatos a líder um pouco melhor posicionados que outros, mas que não levará o partido a lado algum, o mal do PSD é anterior, o partido encontra-se orfão e desnorteado desde a saída de A. Cavaco Silva, tendo cometido sucessivos erros de casting ou decisões fora de tempo, senão vejamos, em 1995 elegeu-se líder do partido Fernando Nogueira, tinha um caracter à prova de bala, mas não tinha carisma, na altura rejeitaram Durão Barroso que tinha uma aceitação superior no país, mas não a tinha no aparelho, e o aparelho ganhou o partido mas perdeu o país. Seguiu-se o consulado Marcelo Rebelo de Sousa, que conquistando a simpatia nas elites também nunca ganhou o país, deixando a Durão Barroso iguais dificuldades às que Marques Mendes veio posteriormente encontrar. Mas Durão Barroso encontrou sempre maior resistência nas bases do que no país, aliás como Pedro Santana Lopes, que ainda deve estar a tentar perceber dos erros que cometeu quais foram os mais gravosos, eu digo que desde logo o não ter ido a eleições legitimar-se, ele que até era na época considerado imbatível em campanha eleitoral, e gozava de popularidade que rapidamente conseguiu alienar. Veio depois Marques Mendes, pessoa respeitada e respeitável, mas cuja imagem não passa no país, falta-lhe algo que uns têm outros não... carisma, não se compra, não se trabalha, está ou não está dentro de cada um, independentemente de competências. O PSD está pois neste momento colocado perante um dilema, cujas consequências poderão perdurar no tempo, desde 1995, o PSD até hoje, esteve 3 anos ( nem chegou bem) no governo, e coligado com o PP, não se vislumbrando hoje quando lá voltará, o que significa já irmos com quase 10 anos de poder socialista, e com fortes probabilidades de atingir os 15, basta fazer contas, bastando para tal colocarmo-nos a discutir pessoas e lugares, não aprendendo com os erros do passado. O PSD precisará em primeiro lugar de arrumar a casa, atenção ao desempenho de quem será o secretário-geral do partido, o PSD doutros tempos era uma máquina temível na oposição, tinha uma linha, uma orientação, rumo, agora não tem nada, critica por criticar mas não apresenta alternativas, o futuro líder terá de ser alguem credível, nem um papagaio que fale muito e diga pouco nem alguém que possa ser competente mas não seja capaz de se afirmar. Mais do que discutir pessoas, há que discutir programas, há que apontar soluções alternativas ao poder socialista, há que escutar não apenas os militantes, as bases do partido são importantes, mas de que serve ganhar o partido e Sócrates obter nova maioria?, vamos daqui a 2 anos discutir novamente lideranças? o PSD só tem um caminho possível, ouvir sim os Portugueses, e não dizer que é alternativa, e sim apresentar alternativa!

1 comentário:

Anónimo disse...

E dos que se perfilam para a sucessão apenas vejo Aguiar-Branco como menos controverso... não está fácil.