03/09/2007

E porque não vendê-los à porta da maternidade?

Talvez novos modelos em forma de chupeta, porque não?

-Sendo adepto da economia de mercado, assumindo-me como liberal, tenho de aceitar que cada empresa deve poder comercializar o que quer, ainda que sujeitando-se a apostas condenadas ao fracasso, as quais serão devidamente penalizadas pelo mercado, obrigando os responsáveis a prestarem contas aos seus colaboradores e acionistas. Mas por vezes ultrapassa-se tudo o que é razoável, como esta notícia da agência financeira, dando conta duma maior aposta das operadoras telefónicas no desenvolvimento do segmento de mercado onde possuem hoje uma menor taxa de penetração, as crianças, não nos basta já vermos os adolescentes completamente alienados com o envio de milhares de SMS's mensais para obterem bónus em chamadas, e outras trocas de gato por lebre cujos custos serão depois, ou já o foram nos tarifários pré-pagos, suportados pelos pais, querem agora colocar acessivel uma tecnologia, presumo num formato mais infantil, a qual constituirá a médio prazo se bem conheço Portugal e os portugueses, um acessório de moda tão importante como os sapatos desportivos da marca X ou a mochila da marca Y. Claro que os já tão endividados pais não terão coragem de dizer não, pelo menos muitos deles, provavelmente mesmo os que estão mais endividados serão os primeiros a aderir, pois calculo o quão necessário será mesmo um pai que deixou o seu filho no infantário saber se ele bebeu o leite ás 10, ou ás 10,15, e caso a criança escorregue, sofra a infelicidade de fracturar um braço ou uma perna, talvez já nem chore, o seu primeiro gesto será certamente ligar ao pai ou à mãe, libertando os educadores de tão dificil tarefa. Aliás assim de repente vislumbro mais meia dúzia de casos em que a criança necessita mesmo de possuir um telemóvel, por exemplo se fôr no carro com o pai, e este furar um pneu, talvez seja a criança a avisar a mãe do ligeiro atraso. Francamente, se as operadoras investissem na qualidade das comunicações diversificando serviços penso que fariam bem melhor, mas elas lá conhecem melhor que ninguém os clientes que têm, e talvez venham a vender bem estes aparelhos, pelo menos em Portugal, um verdadeiro case-study para este tipo de mercados. Depois venham-me falar em crise e em endividamentos excessivos.

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