-Recordo-me há uns anos a ETA ter cometido um crime, segundo ela em nome do povo Basco, o qual por sua vez reagiu na rua gritando "não são bascos, são assassinos", as F.A.R.C., pretensamente comunistas não são repudiadas pelo PCP, tolerando que criminosos usem a designação de comunistas. Há que fazer jus à história, e em matéria de crimes contra a humanidade ninguém dá lições aos comunistas, nem os nazis. Estaline, Mao Tzé Tung, encabeçam a lista dos maiores assassinos da humanidade. Eram comunistas. O PCP nunca repudiou a herança do primeiro, suavemente classificou-a de desvios ao ideal comunista, são factos da história.
04/09/2007
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5 comentários:
Não vos fazia nada mal lerem os dois artigos abaixo indicados. Sempre era uma forma de deixarem de pensar que todo o problema da Colômbia são as FARC. No que eu já não tenho esperança é que vocês tenham pena e solidariedade com os milhares de mortos como têm com a Ingrid que felizmente parece estar viva.
Em http://www.monde-diplomatique.fr/2005/05/CEPEDA_CASTRO/12196
VIE ET MORT DE L’UNION PATRIOTIQUE
COMMENT DES MILLIERS DE MILITANTS ONT ÉTÉ LIQUIDÉS EN COLOMBIE
En mai 1985, dans le cadre de négociations tentant d’apporter une solution au conflit armé dont souffre aujourd’hui encore la Colombie, naissait l’Union patriotique. L’extermination des membres de ce parti d’opposition explique en partie la durée et la cruauté de cette interminable tragédie : un contexte de démocratie formelle camouflant des techniques sophistiquées d’élimination systématique des opposants.
artigo de Iván Cepeda Castro (Chercheur en droits humains et droit humanitaire ; membre de la Fondation Manuel Cepeda-Vargas) e de Claudia Girón Ortiz (Chercheur en droits humains et droit humanitaire ; membre de la Fondation Manuel Cepeda-Vargas).
e aqui em http://www.monde-diplomatique.fr/2005/10/GUTIERREZ_M_/12835
LE CRIME ÉLEVÉ AU RANG DE SYMBOLE NATIONAL
IMPUNITÉ POUR LES PARAMILITAIRES COLOMBIENS
L’usage systématique de la terreur caractérise la stratégie paramilitaire en Colombie. Violemment critiquée, y compris par les nations unies, la loi de justice et de paix, approuvée le 21 juin 2005 dans le cadre de la « démobilisation » des escadrons de la mort, offre à ceux-ci une quasi-impunité et permet à leurs chefs de conserver les biens accumulés par la spoliation et le narcotrafic. Démobilisation ou légalisation ?
por Carlos Gutiérrez .
Leiam e depois vejam bem o que é que dá mais vontade de vomitar.
Chávez está fazendo movimentos para negociar com as FARC. Vai receber liderança do movimento em Caracas. O que eles vão negociar? Se Chávez conseguir libertar Ingrid Betancourt vai mostrar ao mundo que ele é um grande e importante estadista. E aí mora o perigo. Legal o teu blog.
"O PCP nunca repudiou a herança do primeiro, suavemente classificou-a de desvios ao ideal comunista"
Estranho é que não estejam assim tão preocupados com os desvios ideológicos do Partido Comunista da Federação Russa, que apesar de aliado à extrema-direita, é convidado para a festa. Ver aqui e aqui.
Embora de um ponto de vista contrário, concordo plenamente que o PCP se mostra equivocado ao classificar ambiguamente ambas as organizações em causa: a ETA e as FARC-EP. Parece-me no entanto justo apresentar aqui as diferenças entre ambas as organizações a bem do esclarecimento político.
Falamos de dois movimentos, armados, que combatem há já várias décadas por objectivos comuns aos do PCP, embora utilizem métodos e tacticas distintas. E é precisamente nesses métodos que reside a diferença que faz com que uma e outra organização não possam ser consideradas iguais, aos olhos do PCP.
As FARC-EP actuam num teatro guerrilha rural, ao estilo clássico latino-americano e na senda de grupos históricos como os Sandinistas da Nicarágua ou aqueles que foram comandados por Che Guevara na Bolívia. As FARC-EP têm por inimigo declarado os sucessivos regimes anti-democráticos colombianos que, apoiados na sempiterna presença estado-unidense nos órgãos de poder, conduzem o povo e a pátria colombiana à ruína e à miséria, tal como aconteceu e acontece noutros países daquela zona do globo.
Nesse contexto, as FARC-EP conduzem uma luta justa pela melhoria das condições de vida do seu povo e pela independência e soberania da pátria Colombiana. Combatem contra o Exército Regular Colombiano, símbolo oficial do governo e ainda contra os famosos "Esquadrões da Morte", grupos para-militares fascistas, "tolerados" pelo governo e, alegadamente, treinados e armados pelas forças dos EUA. Esta é, de resto, uma prática comum por parte do regime de Washington, como bem sabemos e exemplos não faltam.
Deixo aqui a questão: não serão estes "Esquadrões da Morte", comprovadamente responsáveis por massacres indiscriminados contra populações ou por assassinatos selectivos de militantes de esquerda (e não só do PCC), não será este grupo para-militar uma organização terrorista?
Outra acusação costumeira é a de que as FARC-EP são uma guerrilha narcotraficante. Isto é absolutamente falso e é um argumento criado nos corredores do regime de Washington e colocado nas paredes dos gabinetes de Bogotá.
As FARC-EP têm, de facto, contacto com produtores de coca independentes que que trabalham dentro do território controlado pelos guerrilheiros e que, por sua vez, vendem a matéria-prima aos narco-produtores e narco-traficantes. É absolutamente indispensável agir desta forma. A produção de coca (e não de cocaína) é o ganha-pão de milhares de seres-humanos na Colômbia e, como tal, é dos poucos garantes de estabilidade regional. Assumir-se como inimigos dos produtores de coca seria a "morte do artista" para as FARC-EP, pois isso levaria os poderosos narco-traficantes a aliarem-se ao Governo para lutar contra as FARC-EP. Por essa razão, a produção de coca é feita nas áreas controladas pelas FARC-EP e as mesmas asseguram a segurança do transporte do produto até aos laboratórios de transformação para cocaína, sendo que nenhum deles está situado em território das FARC-EP. De resto esta foi uma importante imposição da guerrilha aos produtores e traficantes. De referir que dentro da guerrilha o consumo de cocaína ou de qualquer outro estupefacciante é proibido e sancionado pesadamente. Tal como o tráfico, evidentemente.
Outros produtores (e consequentemente narco-traficantes)trabalharão em conjunto com o Governo Central Colombiano que por sua vez trabalha em conjunto com o regime de Washington. 2+2...
Com a diferença de que o tráfico de cocaína é feito a partir de território governamental.
É claro que considerar, ou não, justa a luta das FARC-EP é uma questão de opinião ou, quiçá, de classe. Há quem considere justa a luta do Governo Colombiano e companhia contra as mesmas...
Em relação à ETA, a situação é bem distinta. Desde logo porque a ETA se assume como uma organização de guerrilha urbana, à imagem dos grupos armados das décadas de 60 e 70 na Europa. Como tal, a ETA, ao contrário das FARC-EP, aje na sombra, cobre a cara e faz ataques bombistas, evitando assim o confronto directo com as autoridades Espanholas e Francesas, assumidas como o inimigo do grupo. O apoio político à organização basca é escasso, existindo apenas nos pequenos partidos da esquerda Albertzale e outros pequenos partidos de extrema-esquerda Espanhóis. No entanto a luta da ETA parece-me justa pois luta pelo direito dos Bascos à auto-determinação e à manutenção da sua identidade cultural, reconhecida como única no Mundo. Este é, quanto a mim, um direito básico dos povos Mundiais. Um direito que ninguém ousaria objectar se Portugal se visse ocupado, porque esse é o termo correcto, por Espanha.
No entanto, e visto que a ETA e o Governo de Madrid não têm uma guerra aberta entre si, ao contrário do que se passa na Colômbia, é normal que o PCP tenha reservas em apoiar a organização basca. Isto para além dos riscos políticos e institucionais que isso acarreteria e que nem será preciso enumerar.
Há ainda a questão ideológica a ressalvar. A ETA e as FARC-EP, embora se assumam comunistas, a ETA aproxima-se do radicalismo esquerdista que o PCP, na sua tradição sectária, rejeita. As FARC-EP, por sua vez, aproximam-se mais da linhagem marxista-leninista defendida historicamente pelo PCP.
Não me querendo alongar mais peço agradeço pelo tempo dispensado e espero ter contribuido para o esclarecimento desta questão.
Espero sinceramente que cessem os ataques ao PCP, ao qual eu não pertenço, mas que em toda a sua história e tradição em nada envergonha o povo português. Telhados de vidro e amizades suspeitas todos têm. Como li num outro blog da direita "se os partidos da direita elegem como amigos gente como a Opus Dei e a Maçonaria, organizações de terrorismo psicológico, porque não pode o PCP ter como amigo quem lhe apetecer?".
Ao menos os objectivos das FARC-Ep são claros, goste-se ou não. Quais são os da Opus Dei ou dos "do avental", pergunto eu?
Fico-me por aqui com a promessa de que irei este fim-de-semana à Margem Sul pedir esclarecimentos aos PCC's sobre a refém mais famosa da blogosfera nacional.
Assassinatos e terror
Tribunal na Colômbia examina o papel das companhias petrolíferas
por Deirdre Griswold [*]
O mais notável na situação política colombiana não apenas o alto nível de violência patrocinada pelo governo contra as organizações populares e os seus líderes e sim o alto nível de valor e resistência que emana de um povo que se recusa a ser abatido ou intimidade, ainda que os assassinos mascarados cheguem pela calada da noite.
Este valor e esta resistência forma expostos em Bogotá nos dias 3 e 4 de Agosto, quando uma sessão especial do Tribunal Permanente dos Povos ouviu testemunhos acerca do papel desempenhado pelas companhias petrolíferas europeias e estado-unidenses nas campanhas de terror contra os activistas sociais na Colômbia.
Umas 800 pessoas, de Bogotá e de muitas áreas rurais, congregaram-se num auditório cedido pelo Sindicato dos Professores, onde se ouviram dolorosos testemunhos de parentes e amigos de activistas jovens e velhos que foram assassinados por falar sobre as condições nas suas comunidades.
Alguns das testemunhas tentaram conter seu pranto enquanto relatavam como homens armados entravam à noite em busca dos seus maridos, filhos e irmãos, cujos corpos sem vida eram encontrados a seguir, muito frequentemente mostrando horríveis sinais de tortura.
Por diversas vezes as testemunhas descreveram como o exército colombiano e a polícia local davam rédea solta aos "paras", alguns dos quais trabalham como guardas de segurança para as grandes companhias petrolíferas – a Occidental, a British Petroleum e a Repsol. E assinalaram directamente o governo do presidente Álvaro Uribe Vélez, que actualmente está a tentar desviar a ira popular pela reorganização do comando militar, muitos de cujos membros estiveram directamente implicados nos crimes juntamente com os paramilitares e os narcotraficantes.
Três auto-carros cheios de habitantes de Arauca compareceram ao tribunal. Arauca é uma região a nordeste, muito risca em petróleo, fronteiriça à Venezuela, onde a violência foi particularmente feroz.
A cara de Alirio Martínez, um camponês de Arauca que foi assassinado há três anos, sorria para o público de um gigantesco cartaz colocado sobre o estrado. Por trás dele viam-se outros camponeses segurando cartazes que diziam: "Arauca Vive", e "Continuamos a construir caminhos de liberdade".
Num momento no programa, um grupo de meninas e meninos de Arauca, que estiveram pacientemente à espera durante todo o dia, teve a oportunidade de dançar com precisão e graça exuberante frente ao cartaz.
A energia destes jovens mostrou que a campanha de terror contra a população local não conseguiu quebrar o seu espírito. Mesmo aquelas testemunhas que choraram quando fizeram os seus depoimentos acabavam bradando palavras-de-ordem de luta e optimismo.
O assassinato de Alirio Martínez
A execução de Alirio Martínez por soldados do governo na manhã de 5 de Agosto de 2004 foi só mais um dos horríveis crimes trazidos perante o tribunal, mas ilustra a base real do conflito sangrento na Colômbia, o qual perdura já por várias décadas.
Segundo a evidência apresentada ao tribunal, Martínez, presidente da Asociación de Usuarios Campesinos de Arauca (ADUC), havia passado a noite na casa de um amigo no caminho de Caño Seco, no povoado de Saravena, a seguir a uma reunião com líderes de grupos civis que avaliavam a situação regional quanto aos direitos humanos e sociais.
Também estiveram presentes à reunião o presidente da Asociación Nacional de Trabajadores de Hospitales y Clínicas (ANTHOC), Jorge Prieto Chapucero; Leonel Goyeneche Goyeneche e María Raquel Castro, ambos membros da Asociación de Maestros de Arauca e da Central Unida de Trabajadores (CUT); e Samuel Morales Flórez, presidente da CUT em Arauca.
Cerca das cinco da manhã, tropas pertencentes ao grupo Revéis Pizarro, assinalados na Brigada 18 do Exército Nacional, entraram na casa ou teve lugar a reunião, cercando-a por completo.
Cerca de meia hora depois, vários soldados foram à casa de Jorge Prieto, onde dormia Alirio Martínez. Os soldados obrigaram-no, bem como a Goyeneche, a ajoelhar-se num lado da casa e lhes dispararam até matar. A seguir arrastaram seus corpos para longe da casa, colocaram perto umas armas pequenas e disparam alguns tiros para dar a impressão de que havia ocorrido uma luta.
A seguir levaram os corpos pelas ruas para que todos os vissem, puseram-no num helicóptero e levaram-nos aos quartéis do batalhão. Também prenderam Samuel Morales, Raquel Castro e María Constanza Jaimes, levando-os também no helicóptero.
Esta atrocidade é conhecida como o Massacre de Caño Seco.
O governo apresentou-a como uma operação com êxito contra os insurgentes armados do Exército de Libertação Nacional (ELN) e as Forças Armas Revolucionárias da Colômbia (FARC).
Samuel Morales, Raques Castro e outros líderes cívicos na região foram sentenciados a seis anos de prisão pelo crime de "rebelião", o qual também foi a desculpa dada para o massacre.
Raquel Castro conseguiu liberdade antecipada e foi directamente ao tribunal, onde testemunhou ter ouvido os disparos que mataram os seus amigos e soldados a perguntarem: "onde estão as armas?".
"Não havia nenhuma" afirmou Raquel Castro. Acrescentou que quando o helicóptero aterrou no quartel ela viu soldados estado-unidenses – "gringos" – com os colombianos.
"Tudo isto foi feito para suprimir a luta pelos direitos humanos das organizações cívicas, camponesas, operárias", acrescentou esta valente professora.
Numa parede ao lado do auditório, lia-se numa bandeira: "A verdade e a justiça honrarão a memória das nossas vítimas".
Oxy, BP e Repsol
Empresas petrolíferas por trás da violência na Colômbia
Em Abril do ano passado, o Tribunal Permanente dos Povos começou uma série de investigações sobre o papel das corporações transnacionais nas violações dos direitos humanos na Colômbia.
As três primeiras audiências, levadas a cabo em três cidades da Colômbia, focaram: 1) como o agrobusiness de propriedade estrangeira afectam os camponeses e os povos indígenas; 2) o papel desempenhado pelas empresas mineiras; e 3) o impacto do desenvolvimento controlado pelas transnacionais sobre a biodiversidade e o meio ambiente.
Em 3 e 4 de Agosto deste ano o tribunal reuniu-se mais uma vez, desta vez em Bogotá, e ouviu testemunhos sobre o regime de terror nessas zonas da Colômbia onde empresas petrolíferas gigantescas fizeram grandes investimento e estão sugando lucros ainda maiores do "ouro negro" que jaz no subsolo.
Como explicámos antes, dezenas de pessoas enfrentaram o grande risco de descrever em pormenor numa audiência no Sindicato dos Professores, como seus seres queridos e seus camaradas foram arrastados na noite e executados por nenhum outro crime senão o de haverem actuado como líderes e activistas de organizações civis, de sindicatos de camponeses, de cooperativas rurais e de associações do povo indígena.
Uma acusação pungente
Quando terminou, o juízes e co-juízes publicaram uma acusação pungente ao governo e à instituição castrense, às empresas petrolíferas a cujos interesses servem e ao governo dos Estados Unidos por permitir que continuem estes crimes com impunidade.
O Tribunal Permanente dos Povos tem sede em Roma e existe desde 1979. Os juízes que presidiram nesta sessão foram o professor de direito Dalmo de Abreu Dallari, do Brasil, membro da Comissão Internacional de Juristo; Marcelo Ferreira, professor de direitos humanos da Universidade de Buenos Aires; e Antonio Pigrau Solé, professor de direito público internacional da Universidade de Tarragona, da Catalunha, no Estado espanhol.
Foram ajudados por cinco co-juízes: Natividad Almárcegui, professor no sindicato da Confederación General de Trabajadores (CGT) da Espanha; Domingo Ankwash, presidente da Confederación de Nacionalidades de la Amazonía de Indígenas Ecuatorianas (CONFENAIE); Deirdre Griswold, membro do primeiro Tribunal Internacional sobre Crimes de Guerra em 1967, que representou o Centro de Acção Internacional dos Estados Unidos; Ralf Haussler-Ebert, teólogo luterano da Alemanha; e Ivonne Yáñez, ecologista equatoriana, e coordenadora na América do Sul do grupo Oilwatch.
Esta série de audiências analisou o papel desempenhado pela Occidental Petroleum dos EUA, pela British Petroleum e pela espanhola Repsol. Depois de ouvir dezenas de testemunhas presenciais de crimes patrocinados pelo Estado e de peritos em direitos humanos, e de haver recebido por escrito um volumoso relatório de investigações sobre a conduta destas empresas, os membros do tribunal, emitiram no fim uma opinião pormenorizada mas preliminar. A opinião final, baseada nas quatro sessões do tribunal, estará disponível no fim deste ano.
Os juízes estiveram de acordo em que as três companhias estão a seguir uma política semelhante na Colômbia, a qual é de "saqueio dos recursos naturais e de violência sistemática contra a população. Isto envolveu a destruição do tecido social, assassinatos e perseguições contra líderes populares, assim como violações dos direitos humanos da maioria e a destruição de grupos indígenas".
O documento resumiu os testemunhos que foram apresentados:
"Segundo as acusações, os abusos destas empresas, que têm como intenção exercer controle sobre a população e evitar qualquer resistência às suas actividades, utilizaram uma combinação de estratégias, dentre elas pressões sobre o Estado para que execute políticas que as beneficiem, como por exemplo minimizar a regulamentação por parte do Estado, flexibilidade nos contratos, privatização de companhias de energia, concessão de vantagens financeiras e a entrega de mais reservas de petróleo e de gás. Além disso, está a militarização da vida social, aprofundada pela aplicação do Plano Colômbia e o apoio directo dado pela empresas petrolíferas às forças armadas, legais e ilegais, e a promoção da corrupção".
O Plano Colômbia é o acordo entre Washington e Bogotá que despejou milhares de milhões de dólares nas Forças Armadas da Colômbia, tudo em nome da "guerra contra as drogas". Vastas zonas rurais foram "fumigadas", ou seja, borrifadas com produtos químicos tóxicos, um método que não distingue entre plantações de coca e milharais de uma família.
O tribunal viu um documento comovedor sobre os efeitos dessas "fumigações", que deixa as pessoas com ferimentos e lesões em comunidades onde há poucos recursos médicos para curá-los ou tratar os possíveis efeitos nocivos a longo prazo.
Desde que principiaram os assassinatos e as fumigações, muitas famílias de camponeses colombianos empobrecidos, que se tornaram refugiados devido às políticas do seu próprio governo, fugiram para a Venezuela vizinha. Grande parte dos seus terrenos já foram convertidos para cultivos destinados à venda.
O tribunal determinou que o governo da Colômbia havia "criminalizado" o protesto social por meio de detenções arbitrárias e maciças sob a acusação de "rebelião". Ao mesmo tempo, sentenciou processar as autoridades responsáveis por crimes atrozes como o sequestro, a tortura e o assassinato.
Um dos que prestou testemunho, Gustavo Petro, é senador da oposição no Congresso da Colômbia. Ele descreveu as pessoas por trás dos assassinatos como "aqueles que se vestem de senador pela manhã, comerciam cocaína à tarde e dão ordens aos paramilitares à noite".
O tribunal concluiu que os paramilitares "puderam contar com o apoio ilimitado dos poderes económicos e políticos".
Papel especial dos EUA
Ao determinar a responsabilidade pelas violações generalizadas dos direitos humanos na Colômbia, o tribunal determinou que, além do Estado colombiano e das empresas petrolíferas, o governo dos EUA também desempenhou um papel muito especial, "defendendo seu suposto direito de intervir em qualquer país para preservar seus interesses de segurança, incluindo o acesso às fontes de petróleo, e tendo contribuído decisivamente por meio de planos concretos, recursos humanos, treinamento e financiamento para a militarização extrema que cerca a exploração do petróleo na Colômbia, tal como fez em outras partes do planeta, com consequências nefastas para a população civil".
Aparentemente não houve qualquer reportagem ou notícia do tribunal nos meios de comunicação social na Colômbia, apesar de a ele terem assistido jornalistas europeus e asiáticos (assim como esta repórter dos EUA). Contudo, isto não significa que o governo colombiano não estivesse a prestar atenção a este evento.
Em certo momento, enquanto o filho e a filha do líder dos trabalhadores petrolíferos Marco Chacón, de Barranquilla, testemunhavam como o seu pai fora assassinado, polícias em trajes civis irromperam à força no auditório e postaram-se na sal, enfrentando a audiência, ostentando metralhadoras AK-47. Após os protestos dos organizadores, acabaram por ir embora, dizendo que haviam vindo "porque o senador ia falar", algo que o senador não havia pedido.
Agora que o tribunal e as muito valente testemunhas fizeram o seu trabalho, cabe aos movimentos progressistas, especialmente dos trabalhadores que são cada vez mais explorados pelas transnacionais onde quer que estejam, levar a solidariedade internacional contra estas corporações monstruosas e os seus serviçais no Estado.
[*] Participou do tribunal como co-juíz. É editora chefe do jornal Workers World, dos EUA. Email: dgriswold@workers.org
O original encontra-se em http://www.workers.org/2007/world/colombia-0823/ e
http://www.workers.org/2007/world/colombia-0830/
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
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