23/09/2007

Utentes do SNS agrupam-se

Afirmando que Saúde não é negócio

-Saúde não é um negócio mas um direito, uma frase com a qual todos poderemos concordar, e até subscrever, pois o acesso à saúde será um direito básico de qualquer ser humano, devendo o estado garantir que tal está assegurado a todos os cidadãos. Mas a partir daqui começo a divergir de todos estes srs que com maior ou menor conhecimento procuram defender interesses instalados, que parasitam o estado, pesando e de que maneira nos bolsos do contribuinte. Defendo desde há muito a extinção do SNS, o qual deveria ser substituido por entidades privadas, logo funcionando com outra lógica que não o despesismo, admitindo que via impostos exista uma taxa residual que permita ao estado custear a prestação de serviços nesta área aos realmente necessitados, garantindo a todos o direito à saúde. Desconfio sempre quando muitos interesses se reunem à volta de algo, quando esse algo, neste caso o SNS representa para todos nós custos significativos, à parte os instrumentalizados cidadãos menos instruidos a quem acenam com as bandeiras da falta de médicos, tempos de espera, perigo iminente de deixarem de ser atendidos com qualidade, quem vamos encontrar na defesa do SNS? As multinacionais do sector, que colocam e de que maneira os seus produtos no mercado realizando os seus objectivos, sindicatos médicos e enfermeiros que garantem aos seus associados emprego para a vida, formação profissional permanente, com possibilidade de ganhar dinheiro no sector privado, pois muitos profissionais exercem dos dois lados, políticos locais, para além de ficarem bem na fotografia junto das suas populações, num país onde um director de centro de saúde é considerado lugar de nomeação política, o SNS representa mais uma oportunidade de colocação duns boys, as farmácias que também lá vão buscar o seu quinhão. Parece-me pois que a saúde é cada vez mais um negócio, sem que muitos o percebam, mas que todos o pagam, não para garantir a prestação universal de cuidados médicos, mais parecendo um polvo, tantos são os tentáculos cada um representando os grupos que tendo-se instalado no sistema, o parasitam. Numa lógica de mercado, os parasitas são escorraçados, daí a sua natural defesa corporativa do sistema.

4 comentários:

SILÊNCIO CULPADO disse...

Sim, a saúde é um direito que tem que ser defendido. Não tenho uma visão marxista do mundo mas entendo que o ser humano não pode viver feliz numa sociedade fracturante nem encontrar nela o seu equilíbrio e a sua maturidade. Não podemos ter do progresso uma visão mercantil que o atrofie e transforme em retrocesso. Defendo as diferenças, a economia de mercado mas o capitalismo selvagem não. Aliás se continuarmos a alimentar as clivagens sociais, aumentamos a insegurança dos que têm, a sua exclusão no meio da familia humana e uma solidão de valores e de afectos que os atirarão para os guettos dos condomínios privados e armados.Isto para dizer que com a saúde não se brinca e que é ao Estado que compete garantir que não haja cidadãos em lista de espera para cirurgias, nomeadamente de doenças cancerosas, que as pessoas tenham um mínimo de garantias de assistência médica quer em matéria de prevenção de doenças, quer no seu tratamento. Não acredito minimamente que os privados garantam alguma coisas se o próprio estado já só vê cifrões. E quanto haver uma saúde estatal só para pobres considero chocante até dizer chega.

António de Almeida disse...

-Defendo o direito à saúde, mas não o SNS, um estado que consegue pagar a privados compensações por veículos que passam ou não numa ponte, não será capaz de pagar a prestação dum serviço médico a quem dele necessita? O que acredito é que esse mesmo serviço por privados é capaz de ter mais qualidade e ser mais barato, pois todos sabemos o desperdício existente no sector público nas mais diversas actividades.

SILÊNCIO CULPADO disse...

Pois. Tudo isso são caminhos perigosos e eu, pelo sim pelo não, prefiro o SNS. É que subsidiar privados.... Já que citamos exemplos de transportes veja-se quanto entra o Estado, anualmente, na Fertagus e qual foi o benefício de concessionar aquela exploração a um privado.

Tiago Pestana de Vasconcelos disse...

Meu Caro,

relativamente a este assunto e ao inenarrável ministro/ministério da saúde que temos, veja o meu post no in-direita.

Abraço!