-Tenho nos últimos dias participado em algumas interessantes discussões sobre os méritos dos sector público e privado. Ao contrário do que alguns pensam, nada me move numa espécie de cruzada contra o sector público, até porque não estou particularmente interessado em nenhuma empresa, os meus interesses são meramente os de consumidor, e nessa qualidade, peço desculpa, mas realmente não acredito no bom funcionamento de empresas públicas, principalmente quando possuem posição dominante. Exemplos? Vários, recordam-se, pelo menos os que como eu estarão pelos 40, dos CTT-TLP, deslocarmo-nos a uma estação de correios era um inferno, qualidade no atendimento era inenarrável, em matéria de colocação dum telefone, pediamos á empresa a colocação dum aparelho nas nossas casas, esperávamos, desesperávamos, pagávamos taxas e deslocações, por vezes sofriamos cortes de linha, ficando sem serviço, hoje tais factos parecem-nos saídos da pré-história, o que mudou? a liberalização do sector, a concorrência que veio beneficiar o consumidor, pagamos hoje menos por uma chamada que há 15 anos atrás, e deslocações, taxas e colocações, já eram. A RTP, lembram-se? "pedimos desculpa por esta interrupção, o programa segue dentro de momentos", e também aí pagávamos taxa, a liberalização veio revolucionar o sector, mais uma vez com o consumidor a ganhar, os bancos, alguém poderia negociar as condições dum empréstimo? um spread? a liberalização da economia gera concorrência, se não existir cartelização, aqui entra o papel regulador e fiscalizador do estado, vai originar competição pela conquista de clientes, ou seja, todos nós, que poderemos adquirir bens e serviços em melhores condições. Inúmeras privatizações, e liberalizações de sectores económicos, deram-me estas convicções, não conheço nenhum exemplo contrário, onde um sector nacionalizado, pertença do Estado, seja sinónimo de progresso, de desenvolvimento, pelo menos em regimes democráticos, mas se alguém conhecer, faça o favor de mo indicar, estou sempre aberto a adquirir novos conhecimentos.
06/11/2007
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5 comentários:
De facto a liberalização é importante, mas o que se têm visto é que por Portugal não passa de palavras.
Apesar de se apregoar que existe liberalização de serviços muitos continuam a ocupar as posições e a dominar tudo e todos.
Quando se fez a liberalização dos preços dos combustíveis, os defensores vieram apregoar que a livre concorrência iria ser vantajosa para os consumidores, hoje não se nota nada.
No entanto eu também acredito que as empresas publicas precisam de concorrência de forma a melhorarem, mas também não acredito que as empresas publicas devam desaparecer.
Meu caro António Almeida, as coisas como o amigo as costuma colocar até têm a sua lógica praticamente imbatível. E dá exemplos de como as coisas públicas funcionam mal. Tem razão. Mas será que isso, só por si, justifica que tenhamos todos de embarcar numa afã de tudo privatizar? Veja, por exemplo,a denúncia que hoje é produzida por um grupo de oficinas em Braga quanto a pressões que seguradoras ligadas a um banco têm feito para que em reparações automóveis se usem peças de marca branca. O grupo é o da CGD, mas não é por a Caixa ser o que é que isso acontece.
É porque também ali se procura o lucro, não cuidando de defender os interesses dos consumidores. Esta é que é a verdade.
A iniciativa privada não é o lobo mau, mas também a parte pública não pode ser vista como o podre da causa nacional.
Aliás, ainda ontem no "Público" a propósito da inusitada dotação orçamental para "estudos, consultoria e pareceres", li-a alguém a dizer preto no branco que conhecia e sabia de muitos relatórios e estudos feitos dentro da coisa pública com excelentes enquadramentos, análises e a perspectivarem estratégias e objectivos possíveis e interessantes.
O problema, meu caro, é que em Portugal se conspira para que haja um largo grupo de clientelas privadas a sobreviverem à custa do erário público; o problema, meu caro, é que em Portugal até as leis de mercado funcionam ao contrário e poderá comprovar isso nas liberalizações de mercado que resultam em subidas automáticas de preços...
Por exemplo, no sector petrolífero a desculpa é o ISP, mas se ele acabasse quer apostar que nada se alteraria?
-Os exemplos que os meus amigos apontam têm ambos razão de ser, no caso dos combustíveis pura e simplesmente não existe qualquer liberalização, e sim uma cartelização, com a Galp incluida. Quanto á CGD, nada me move contra ela, embora não concorde com a necessidade da mesma pertencer ao estado, mas pertence, também não a desejo vendida a preço de saldo, mas a CGD, com as suas inúmeras participações sociais qualificadas em diversos sectores, consegue ser o braço do qual o estado se serve para ingerir na economia, e por outro lado, uma agência de emprego para os amigos do bloco central de interesses. E sabe-se, que quando toca à cartelização, as empresas públicas não diferem das privadas, há por aí muito gestor, que não aprecia a concorrência, não é só nestes casos, nem tão pouco apenas em Portugal.
Boas antónio...
Da maneira como expõe a situação, quase me consegue convencer...
Aceito que a liberalização de serviços veio melhorar algumas lacunas que existiam. E ainda bem que assimsucedeu.
Mas atrás da liberalização também aumentou a precariedade laboral, a instabilidade das relações de trabalho, os sucessivos contratos de 6 meses e aumentou indirectamente o desemprego no país.
E isto faz me pensar o que aconteceria se tudo fosse liberalizado.
Não acredito neste momento que o estado consiga ser um eficaz regulador ou inspector dos serviços privatizados.
E as queixas que todos nós temos do "antigamente" deve-se a más gestões que não foram punidas, o mesmo acontece hoje, e que deviam ser penalizadas pois no fundo gastam os nossos imposos em políticas gestionárias erradas. E o maior exemplo é quando os chamados gestores públicos entram nos quadros de empresas privadas, o seu rendimento gestionário melhora e dá frutos. então se assim acontece porque então quando eram empregados do estado não aiam dessa forma?
O problema disto é que não se pune quem prevarica e só se premeia quem vilipendia o erário público.
E acontinuar desta forma, qualquer dia trudo tem de ser obrigatóriamente privatizado por consequência do erro de quem gere o "público"...
mas tenho esperanças que demore muito a acontecer...
abr...prof...
Faço das palavras do Tiago e do Quintarantino as minhas e aproveito para dizer que gostava de ver o emprego a aumentar com as entradas das empresas privadas, mas não o vejo. Elas querem crescer, mas com mão de obra barata, ou seja, quase de graça. Trabalho temporário...Empregados a recibos verdes, etc. Há muitos pontos nos í a por. Abraços.
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