20/12/2007

Ensino no país das maravilhas

J.N.-Escolas oficiais escolhem alunos com base em notas e origem social

-Quando são publicados rankings escolares, ergue-se um coro de vozes á esquerda, qual virgens ofendidas, indignados porque não existirem condições iguais para todos á partida, por não ser levado em conta factores sócio-ecoconómicos, e demais pretensões igualitárias que os defensores do estado social gostam de acreditar. Mas, a escola pública, está longe de usar prácticas virtuosas, escolhendo também ela, de forma oficiosa como é óbvio, os seus alunos. Há sempre alguém que conhece alguém, todos têm um primo, um tio, que habita perto de determinada escola, ou dá-se a morada do emprego, vale tudo na hora de querer poupar os filhos a companhias indesejáveis, e compotamentos intoleráveis, agravados muitas vezes por fenómenos de violência, como roubos de dinheiro e telemóveis á porta das escolas, por vezes até no seu interior. Isto acontece graças ao tráfico de influências, fenómeno que todos sabemos ser generalizado em Portugal, todos somos a favor de tolerâncias zero e multas pesadas, mas na hora de pagar a nossa, todos procuramos ver se conhecemos alguém com influência para a evitar ou atenuar, na escola é exactamente igual, defende-se a educação gratuita, estado social, e outras propagandas, na hora de escolher a escola dos filhos, procura-se o melhor, ainda que recorrendo a prácticas pouco claras e compadrios. Depois venham criticar o ensino privado, onde afinal as regras até são mais claras. Por estas e outras, é que defendo a redução do estado ao mínimo possivel!

5 comentários:

quintarantino disse...

Este era um dos segredos mais mal guardados da dita "escola inclusiva"...

David disse...

Nisto discordamos, António. Começo por informar, se não se recordava, que sou professor, e que já passei por escolas do público e do privado.
Discordamos no aspecto mais geral: eu acho que, mesmo que haja erros a nível local, isso não deve colocar em causa a função do Estado - neste caso, de assegurar a formação dos seus cidadãos.
E discordamos com a valorização desta "notícia". Sim, existe alguma selecção, mas para isso é preciso estar reunido um conjunto de factores. E a selecção estará sempre sujeita a estreitos limites. Poderei desenvolver mais tarde...
O exemplo que referiu não é justo para com a escola. Não é porque não está ao alcance da direcção da escola saber se a morada é dum primo, dos avós ou do trabalho. Às vezes, sabe-se (quando o meio é mais pequeno), mas as regras estarão a ser cumpridas, por isso nada há a fazer.
O único controlo que a escola pública faz (e está sempre dependente da decisão dos encarregados de educação) diz respeito aos alunos cujo comportamento esteja já acima de certos parâmetros. E nesse caso, é pedir para que no ano lectivo seguinte, possa mudar de escola.

Blondewithaphd disse...

One of those very tricky subjects in which sometimes our opinions can be misunderstood and misinterpreted. I look at public education in Portugal and I see chaos and generalised lack of quality. There are good (very good) things but they are the exceptions of a system that desperately needs changes.

SILÊNCIO CULPADO disse...

António Almeida
Um grande post e a valorização da noticia justifica-se plenamente. Poderemos, como diz o Atreides, estar perante casos esporádicos, ou particulares, que mostram a não inclusão de uma forma ostensiva. Mas a não inclusão está presente em quase todas a sescolas multiculturais e multiétnicas. Vários estudos sociológicos têm sido desenvolvidos e todos eles apontam para a escola como uma forma de reprodução da sociedade estratificada e para a impreparação dos professores para lidarem com a diferença. Um dia destes, lá para o ano, vou desenterrar alguns desses estudos, uns mais antigos e outros recentes, que põem em destaque estas matérias.
Gostei muito do post.
Um abraço natalício.

Anónimo disse...

Confirmo o post por experiência própria: sempre estudei em escolas pública e os meus pais nunca prescindiram do direito de escolherem o liceu ou escola que eu ou meu irmão iríamos frequentar.

Obviamente esse direito de escolha era exercido via as benditas 'cunhas'.