-Realizou-se no passado fim de semana, a cimeira UE/África, apagados os holofotes, guardados os flashes, todos regressaram a casa, fazendo o balanço, nada de positivo resulta desta reunião, de pessoas pouco recomendáveis com outras onde a hipocrisia, agora denominada real politik, impera. Não veio Brown, veio Mugabe, Kadhafi apresentou-se como um ícone pop, despertando interesse mediático, outros passaram despercebidos, deixando o protagonismo a cargo de Sócrates, A.Merkel, Sarkozy e J.Kufuor, presidente da U.A. Não se podem esperar grandes resultados destas cimeiras com um formato de dois dias, elas servem sobretudo para a fotografia, os resultados têm de estar previamente garantidos, fruto de complexas negociações diplomáticas, em discretas reuniões prévias preparatórias, estes eventos apenas têm importância, se existirem acordos alcançados, que uma vez assinados, possam passar á opinião pública, caso contrário, assegura-se o mediatismo, mas no final, resultam apenas umas notas de rodapé, que não passam dum manifesto de boas intenções, para ninguém admitir o óbvio falhanço. Pouco se falou em direitos humanos, e o que se falou foi de caracter genérico, passou-se ao lado do Darfur, esquecendo o que realmente era importante, as relações económicas U.E./U.A., pois nenhum dos países europeus, estará verdadeiramente interessado em abdicar das políticas proteccionistas no plano agrícola, impedindo o acesso dos produtos africanos aos nossos mercados. Por isso, em minha opinião, marcou pontos na cimeira o presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, ao bater com a porta, abandonando a reunião. Se a U.E. quiser de facto cooperar e ajudar economicamente o desenvolvimento do continente africano, para lá do dever de apoiar os paises que optem pelo estabelecimento de regimes democráticos, o que acabará por pressionar outros a seguirem a mesma via, terá também de modificar a sua politica de relação económica, estabelecendo um comércio verdadeiramente livre, em lugar de andarmos com fait-divers, como ajudas humanitárias e perdões de dívidas, que podem ser até necessários num dado local, num determinado momento histórico. África é um continente rico em matérias-primas, não por acaso, desperta o interesse de americanos, chineses ou indianos, se a U.E. não quer ficar para trás, terá mesmo de mudar de política, nesta, como noutras regiões do globo, África não se tem desenvolvido, muito por culpa das guerras, e dos déspotas locais, mas uma vez em democracia, o potencial daquele continente é enorme, face á riqueza que jorra daqueles solos, basta analisar, que enquanto foram colónias europeias, muitos interesses, e até guerras motivaram entre potências do velho continente. Uma vez ultrapassado este handicap, África tem futuro, não sei é se daqui a umas décadas, os africanos terão interesse na Europa, pelo caminho que a U.E. vai seguindo, tenho sérias dúvidas.
15/12/2007
U.E.-África, que futuro?
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2 comentários:
Pois eu tenho a certeza que a cimeira não serviu para nada, quer dizer serviu para tirar umas fotos e umas jantaradas.
A cimeira serviu para as fotos como diz o sr. Tiago, para a comunicação social e opinião pública pensar que se faz alguma coisa. É como anunciar contratações quando um clube está "em crise". Quem ficou bem foram figuras como Mugabe e Kadhafi, que passam por "aceites" entre os líderes mundiais.
Quem se fica a rir são as outras potências interessadas, que efectivamente não precisam de cimeiras, uma vez que agem a uma só voz, de uma só vez.
Quanto aos africanos, acabam explorados de qualquer forma: seja pelos ditadores locais, seja pelos estrangeiros que apenas se interessam pelos recursos. Os ditadores podem é aumentar mais as suas fortunas. Ao passarem para democracias não melhoram muito, porque o que governa África é a corrupção. De qualquer forma, já não confiam muito nos europeus, e esse será um obstáculo difícil de ultrapassar.
Daqui a uns anos, quando os recursos acabarem, a população estiver morta pela fome, guerra e doenças - e os sobreviventes estiverem infectados com o HIV - as cimeiras serão para isolar África do resto do mundo, não para aproximar.
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