05/03/2008

Novo partido?

D.N.-Novo partido "estará pronto para ir a eleições" em 2009

-Percebo a lógica de posicionamento do MEP, ao pretenderem colocá-lo estrategicamente algures entre o PS e o PSD, estarão os responsáveis pela criação deste projecto, falar em partido será por agora manifestamente exagerado, a fazer uma aposta na disputa do eleitorado que decide eleições, aquele centrão que tanto vota PS como PSD, consoante a credibilidade que encontra na liderança de cada partido em cada eleição. Mas os pressupostos em que assenta o posicionamento do MEP, não estarão totalmente correctos, é que essa franja de eleitorado volátil, muda estrategicamente de sentido de voto, com o intuito de decidir quem fica no poder, no passado já tivemos o exemplo PRD, com o apoio do então Presidente da República, gen. Ramalho Eanes, em 1985 quando parecia possível que o partido viesse a obter uma votação importante, obteve-a de facto, em 1987 quando o eleitorado apostou na maioria absoluta de Cavaco Silva, o PRD tornou-se pouco mais que irrelevante, ficando o PS com a sua base política de apoio, a partir da qual foi capaz de renascer, enquanto viu o PRD desaparecer. A criação dum novo partido é algo complexa, porque os partidos actualmente existentes não estão dispostos a abrir mão do poder que dispõem, menos ainda de dividir as receitas, veja-se a abertura de candidaturas independentes através de circulos uninominais em legislativas, fala-se, mas ao longo dos anos pura e simplesmente não se fez nada nesse sentido. Um partido para se implantar no terreno, não poderá ficar delimitado nos circulos académicos de Lisboa, Porto ou Coimbra, terá de ir para o terreno, para o Portugal profundo, para as tradicionais feiras e romarias, abrir o garrafão e comer sardinha e carne assada, algo que o BE verdadeiramente ainda não conseguiu, apesar de resultar duma fusão entre PSR e UDP, que já dispunham de estruturas locais, mais ou menos implantadas há perto de 30 anos. Face ao alheamento da população, em particular dos jovens, da política, não me parece possível a criação duma vaga de fundo, que possibilite um futuro risonho ao MEP. Se chegarem a constituir-se como partido político, a questão das assinaturas sendo importante, não será em si mesma um factor inultrapassável, sem grandes meios de financiamento, e pouco mais que eventualmente um par de boas ideias, e dedicação dos próprios, não me parece que consigam mais que um fraco desempenho em 2009 nas legislativas. Caso consigam lá chegar. Sem qualquer demérito na apreciação das capacidades dos mentores do projecto, diga-se.

3 comentários:

Tiago R Cardoso disse...

Antonio,
Vou reproduzir o que disse lá no nosso blogue:

Desde já os meus parabéns ao Senhor Rui Marques, deve ser o único em Portugal que consegue ver onde acaba o PS e começa o PSD.

Mais ainda, é de aplaudir o facto de ele ter conseguido encontrar um espaço entre os dois partidos.

Uma coisa é certa não acredito que tal projecto tenha algo de relevante, é muito difícil entrar com um partido, isto terá a ver com o facto de o povo que pede renovação não acredita na renovação nem a apoia, limita-se a queixar-se mas não sai do sitio.

Anónimo disse...

Outro PRD? Ou mais um PSN?
Pode ser louvável, mas aparecer logo assim a parecer muito nem carne, nem peixe.
Excelente texto, António.

Nuno Raimundo disse...

a sede por tachos é tão grande que todos se tentam safar... :)