13/06/2007

Obras públicas, que estratégia para Portugal?

-Quando tomou posse, o engº Sócrates entre muitas coisas, afirmou ter recebido um mandato dos portugueses para tomar decisões, que existiam reformas que não poderiam continuar eternamente adiadas, e contássemos com ele para agir. Estou inteiramente de acordo, já basta de políticos que nada fazem, gosto de políticos que decidem, tomam opções, só prefiro mesmo políticos que além de decidirem, decidem bem, têm visão estratégica, e aqui é que começo a discordar do engº Sócrates e do actual governo, precisamente por não vislumbrar essa visão estratégica de que o país tão necessitado está, principalmente um pequeno país como Portugal que dispõe de escassos recursos, e não se pode dar ao luxo de errar constantemente, como o tem feito de há muitos anos a esta parte, aliás desde o 25 de Abril então raramente acertámos uma, senão como explicar obras faraónicas que para nada servem, derrapagens financeiras nas obras públicas, aí é practicamente em todas, e claro, reformas que não se fazem, e uma máquina estatal cada vez mais pesada, mas com grande peso onde não deveria existir, burocracia em excesso, sistema judicial lento, a mesma máquina que é demasiado leve noutros campos que seriam bem mais úteis e produtivos, mais médicos, enfermeiros, polícias, quadros técnicos qualificados nomeadamente no campo do ensino superior e da investigação tecnológica, a par por exemplo de menos políticos, acessores, empresas públicas que são sorvedouros de dinheiros públicos, era tudo isto que se esperava que o engº Sócrates fosse capaz de reformar, quando afirmava nos primeiros tempos de mandato, ser capaz de afrontar a teia de interesses instalados. Estas eram as expectativas, vamos agora à realidade, decidiu a OTA, manteve-se firme, eu diria autista, na sua opção, quando todos os estudos financeiros, de segurança apontam noutras direcções, mesmo assim só admitiu estudar agora mais uma opção, será que não deveria antes estudá-las todas? Estudar opções, não significa adiar sine die, mas será em primeiro lugar mesmo necessário contruir um novo aeroporto? Ou o TGV vai aliviar a pressão de voos sobre a Portela? Isto já foi estudado? Precisamos então do TGV, do aeroporto ou do TGV e do aeroporto? Se precisamos doutro aeroporto, a Portela + 1 ( Alverca ou Montijo ), serão opcões inviáveis? Quanto custariam? Ainda não vi um estudo sério sobre esta primeira parte da questão, e ele seria essêncial para podermos chegar à segunda fase da equação, que é, se de facto fôr mesmo necessário construir um novo aeroporto, e só se fôr mesmo necessário, pois os recursos do país não são ilimitados, então onde? Neste caso, quanto a mim só pode ser na margem Sul do Tejo, por uma questão de próximidade com o porto de Setúbal, aliás dever-se-ia encerrar o porto de Lisboa a mercadorias, ficando apenas a receber navios cruzeiro e devolver a zona ribeirinha aos lisboetas, não esquecer a Sul a próximidade Setúbal-Sines, zona em fase de desenvolvimento industrial, e a Norte, os eixos rodoviários e ferroviários, com o TGV, se e quando vier a ser necessário, e com aposta nos transportes de mercadorias em rodovia e ferrovia. Em termos ambientais, os quais não desprezo de forma alguma, a opção OTA presume-se venha a ser financiada pelos terrenos da Portela, uma opção a Sul, bem mais barata, poderia aliviar a pressão urbanística sobre Lisboa, construindo na Portela um segundo pulmão ambiental, nada de mais Expo, ou Alta de Lisboa, que é o que se presume acabará por acontecer, caso a OTA avance, para sermos cada vez mais um país de desertos, ou patos-bravos, que é o que se pretende agora para o centro do país. Finalmente, e em matéria de desertificação do interior do país, porque não apostar no ensino superior público de qualidade no interior, pois a criação de polos de ensino e investigação, combateriam a médio e longo prazo a desertificação, até porque muitos quadros médios e superiores ocupariam posições tão necessárias a que as nossas cidades do interior, um dia destes não se tornem, já nem digo em vilas, mas em aldeias. Seria necessário repensar Portugal, e todo o seu desenvolvimento, mas esperarmos algo deste governo, bem poderemos esperar sentados, e temos nós um primeiro ministro que se orgulha das suas origens no interior, faria se fosse Lisboeta...

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