13/10/2007

É preciso repensar o congresso do PSD

-O 1º dia de trabalhos do congresso social-democrata foi interrompido cerca da 1H desta madugada, ficando o reinício dos trabalhos marcado para as 10H da manhã de hoje. Esvaziado o interesse electivo pela introdução das eleições directas, o que levou anteriores congressos a prolongarem os trabalhos madrugada dentro, com o actual formato que é a apresentação de moções temáticas, já que as de estratégia global ficam estatutariamente de fora, a limitarem bastante o interesse dos delegados, e não só, pelo decorrer dos trabalhos. As moções temáticas têm um interesse reduzido, por exemplo a moção de Setúbal interessa pouco a congressistas do Porto ou das ilhas, a moção de Aveiro idem, o que leva a que muitos congressistas aproveitem para conhecer melhor os bares, ou conversarem com amigos que só encontram nestas ocasiões, os próprios jornalistas sempre á procura duma notícia, dum pormenor, saem do recinto principal acompanhando as figuras de quem esperam obter alguma declaração. Terá pois o PSD que repensar o modelo dos seus congressos, uma hipótese seria obviamente deixarem de se apresentar aqui as moções temáticas, mas então o congresso serviria para quê? É que este fim de semana possibilita a militantes anónimos os seus minutos de fama, alimentando-lhes o ego com o discurso por vezes com má redação e pior leitura, no palco. Mas esses militantes são o aparelho, gente que as cúpulas necessitam quando se elaborarem listas autarquicas, nomeadamente para assembleias de freguesia, gente que garante banhos de multidão aos actores principais, gente que está pronta para levantar a bandeirinha e afixar o cartaz, gente que paga á espera de aparecer por segundos numa televisão, quando alguém se lembra de fazer um jantar de candidatura, gente que não pode ser ignorada, gente que fica satisfeita com um aperto de mão e com umas palvras proferidas num grande auditório, mesmo que com a plateia quase vazia. Sendo dificil, e até inoportuno questionar agora as directas, parece-me pois legítimo procurar encontrar um modelo alternativo para a organização do congresso, sem ignorar as bases, mas que possibilite um maior interesse pelo andamento dos trabalhos, a fórmula actual, parece-me esgotada.

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