08/02/2008

Dignidade parlamentar


(Foto via PUBLICO)

-Não sou socialista, nem tão pouco de esquerda, politicamente estou longe de António José Seguro em muitas matérias, sou pela realização do referendo ao Tratado de Lisboa, mas o mais importante que terá de ser registado hoje sobre a votação no parlamento, é que um deputado, apenas um deputado recusou seguir o rebanho, agindo segundo a sua consciência. Admito que entre aqueles que aprovaram a ractificação parlamentar do Tratado, muitos tenham também votado convictamente, já tenho mais dificuldade em aceitar as declarações de voto, hoje ficou mais uma vez demonstrada a necessidade da introdução de circulos uninominais, para que os deputados ganhem uma maior legitimidade própria, em detrimento de boys ao serviço dos aparelhos partidários.

9 comentários:

Nuno Raimundo disse...

Este ao menos mostrou honra nas suas convicções.
Votou para onde pendia a sua "razão"...

Se começassem todos a votar assim e sem responder às pressões habituais, talvez Portugal fosse "para a frente"...

abr...prof...

Blondewithaphd disse...

It's one of the weaknesses of party politics that representatives not always can express their free-will. I'm always mesmerized by those that confront their party's positions when they go against that free-will. Pity that only one MP stood out.

Tiago R Cardoso disse...

pelo menos não foi naquela de declaração de voto, foi numa de objecção de consciência, esteve muito bem, mais de que o lugar, mais do que o chefe do partido, deve estar a consciência de cada um, o gosto de se ter uma coluna vertebral, esperemos que se mantenha e possa contagiar outros.

D.P.V disse...

Sou menos crente do que voce António.
Esta posição pode querer demonstrar mais qualquer coisa, demarcaçao do lider?independencia? opcçao viavel para o caso de socrates cair?
Infelizmente há muito que deixei de acreditar nos bons sentimentos dos politicos, temos tido exemplos de sobra....

Nuno Castelo-Branco disse...

Parece-me que o Tiago está a acertar o tiro. Estou desconfiado. Para mudar alguma coisa, não podemos ficar pelos círculos uninominais. É que isso poderá até, consagrar definitivamente, os Rotativos (vulgo, Donos), ad aeternum. Era preciso modificar a Constituição e aqui, só temos duas hipóteses: a presidencialização do regime, dando poderes executivos ao p.r. Ou então, a presidencialização do primeiro ministro e total Soberania ao parlamento, como acontece nos países civilizados. Pois, mas neste caso temos que restaurar a Monarquia. Que inconveniente para os situacionistas, não?

SILÊNCIO CULPADO disse...

António Almeida
Nunca morri de amores pelo referendo mas o referendo era um compromisso de honra do PS e do PSD. E quando se quebra um compromisso de honra perde-se toda a credibilidade.
António José Seguro agiu de acordo com a sua consciência. Tal devia ser um comportamento normal mas como, infelizmente, não o é, resta-nos aplaudir José Seguro pelo seu acto "heroico" de avis rara da política.

joshua disse...

Talvez a independência de espírito regresse em força com uma alteração profunda da Ordem das Coisas no Parlamento Decadente e Viciado que temos. António José Seguro subiu na minha estima e ficou mais seguro nos Livres que restam neste país.

Pode-se gostar da Laicidade e da Répública como se gosta de chocolate, mas os seus limites, deformações e frustrações começam a pesar de mais. Sou pela reformulação e questionação de tudo. Mesmo os ex-presidentes são um ónus para o Estado, com suas reformas honoríficas.

PALAVROSSAVRVS REX

Antero de Quental disse...

Pelo menos alguém no PS seja contra os políticos irresponsáveis que prometem sem pensar no que estão a fazer.

Mais uma vez, o PM quebrou uma promessa eleitoral.

É preciso ser coerente nas palavras e actos.

Os políticos têm que se responsabilizar pelas suas palavras e em particular pelas suas promessas. Se não é para cumprir, não prometam.

Penso que o Dr. António José Seguro queria apenas que o seu partido, no governo, devia cumprir com a sua palavra.

O populismo do PM que prometeu em campanha eleitoral realizar um referendo para a aprovação do Tratado Constitucional. Mudaram-lhe uns pontos, deram-lhe um nome diferente mas tem exactamente os mesmos objectivos e já não se faz o referendo. É outro, diz o PM (!!!!).

Penso que 99,98% dos portugueses não sabe, mas o que está em causa é mais uma falha de uma promessa eleitoral (não Demagógica!!!).

David disse...

Não percebo como pode haver algo como "disciplina de voto" e falar-se em democracia.
Ver alguém opôr-se ao próprio partido é coisa rara. Espero que seja mais por convicção do que por oposição ao líder.